quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Árvore da Hospitalidade



"Quem se introduz nos bosques de umbuzeiros, recorda subitamente incidentes de sua infância".

A LENDA (segundo Barbosa Lessa) ...

Na infância dos tempos, as árvores eram todas iguais. Mas, um dia Deus estava muito contente, porque os diabos e os homens maus haviam sido derrotados e resolveu então comemorar, satisfazendo a vontade das árvores.

Perguntou para coronilha como ela gostaria de se tornar e ela respondeu que queria ser tão dura a ponto de resistir à golpes de machado.Perguntou ao molho, ele disse que queria saber assobiar. Perguntou para figueira do campo, ela falou que queria ser muito forte, muito alta, muito bonita.
E assim..Deus ia satisfazendo o pedido de todas as árvores.
Quando chegou a vez do umbú, este disse que queria ter o corpo muito fraco, uma madeira à-toa, mas queria ser grande, para poder fazer sombra e abrigar os homens.
Deus satisfez a vontade dele, mas curioso, perguntou porque desejava se tornar uma madeira tão fraca e mole, enquanto que todas as outras árvores queriam ser fortes e duras. Então o umbú explicou-lhe que não queria que sua madeira pudesse servir, algum dia, para cruz e sacrifício de um santo. E desde daí, o umbú é assim...

Phytolaca dioica é conhecida como umbú (ombú na Argentina) nativa do Rio Grande do Sul e nos pampas da Argentina. Alguns botânicos a classificam como uma erva gigante já que não possui lenha, mas um tronco mole e fibroso, porém resistente. As folhas cozidas, em aplicações externas, servem para combater sarna e feridas que não cicatrizam, no entanto não devem ser ingeridas já que causam diarréias violentas. É uma árvore quase não habitada por pássaros. Durante a noite, de suas folhas se desprendem emabações nocivas à saúde.
"Umbu" é indicado para a realização de metas, propósitos pessoais, que demandam perseverança e trabalho. Esta essência ajuda a proporcionar força e disposição para a realização dos pequenos e necessários passos, visando maiores metas.

O umbu personifica o vulgo ignaro, que no seu modo de pensar tem muito do homem primitivo, as forças da natureza e todos os objetos que as manifestam.

A esta árvore também foi associada efeitos maléficos e chegou-se a acreditar, certa época, que por influência do umbu acontecia a ruína dos lares e das famílias. Muitos acreditavam que era chegado o momento da ruína da casa quando lhe tocavam as raízes do umbu nos alicerces. Não é tão fácil desrraigar um umbuzeiro. Por mais que arranquem as raízes e restos, não se consegue a sua exterminação e a casa acaba sendo abandonada. Assim, era muito natural que junto de uma tapera se encontrasse um umbuzeiro, o que gerou um velho provérbio: "Casa com umbu, acaba em tapera".

O Umbu é uma árvore típica que enfeita a paisagem sul-riograndense, oferecendo sombra amiga e hospitaleira, nos campos e nas coxilhas, onde o gaúcho dorme a sesta e a gurizada brinca, buliçosa, com os cuscos das fazendas. Junto do umbú encontram guarida o carreteiro, o gaúcho andejo, o tropeiro e os mascates de longas caminhadas. Bálsamo e conforto contra as invernais, refúgio contra o sol causticante dos verões, o umbu é a árvore-símbolo da hospitalidade do povo gaúcho. Seja manchado de verde à luz do dia, seja quando a noite vem chegando sobre o pampa e ele se recorta em silhueta graciosa contra o horizonte, parece nos chamar ao repouso, em um mudo aceno:

"CHEGUE-SE, AMIGO!"

Por essas e outra o Umbu é a árvore símbolo da Hospitalidade!

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